sábado, 14 de janeiro de 2012

Um diálogo sobre controle de estímulos

Olá pessoal! O texto de hoje é uma adaptação de um diálogo muito legal que pode ser encontrado no livro: Applied behavior analysis. Não é uma tradução. Modifiquei alguns pontos do texto na tentativa de deixar sua leitura mais simples.Espero que gostem!



Quando o telefone toca - Um diálogo sobre controle de estímulos

Um professor de princípios básicos de análise do comportamento estava avançando na explicação de alguns conceitos quando um dos alunos da sala levantou a mão:


Professor:Sim?

Estudante: Professor você estava falando deste tal de comportamento operante. Deu alguns exemplos de comportamentos que são considerados operantes, como escrever, correr, ler, dirigir um carro, etc. Falou que ele está presente em quase tudo que nós fazemos. Você também disse que estes comportamentos são controlados pelas conseqüências, ou seja, por eventos que acontecem depois que a resposta é emitida.

Professor:
Sim, eu disse isso.

Estudante: Bem, eu não consigo concordar com isto. Por exemplo, quando um telefone toca e eu atendo, atender ao telefone é uma resposta operante certo? Isto porque atender certamente não é um comportamento que foi selecionado “filogeneticamente” e ajudou na sobrevivência da espécie.Ou seja,atender ao telefone não é um comportamento reflexo. Logo estamos falando de comportamento operante correto?


Professor: Sim, prossiga.

Estudante: Ok então. Porque você diz que atender ao telefone é um comportamento controlado pelas conseqüências, uma vez que eu atendi ao telefone porque ele estava tocando? Ou seja, o tocar do telefone que controlou a minha resposta de atender, e o tocar do telefone não pode ser a conseqüência porque ele veio antes da minha resposta de atender.

Os outros estudantes da sala concordaram com o colega, e começaram a fazer perguntas parecidas.

Outro estudante: E quanto a parar em no sinal vermelho? O sinal vermelho que controla a resposta de parar, e ele vem antes da resposta e não depois.

Um estudante no fundo da sala: Na escola mesmo temos um exemplo. Quando uma criança tenta resolver um problema matemático, por exemplo 2+2, então ela escreve 4 no caderno.Ou seja, a resposta 4 da questão foi controlada pelo enunciado que perguntava quanto era 2+2.

O resto da sala: É professor!Então o que você nos diz?

Professor: Este era exatamente o próximo ponto! Vocês fizeram muito bem perguntar. Parabéns! O questionamento de vocês é muito pertinente. No nosso contato com o mundo, somos expostos a uma quantidade enorme de estímulos ambientais que exercem influencia na forma como nós nos comportamos. Todas as situações que vocês citaram, são excelentes exemplos do que nós analistas do comportamento chamaríamos de controle de estímulos. Quando a freqüência de um dado comportamento (resposta) é aumentada na presença de um determinado estímulo mais do que na sua ausência, nós dizemos que há controle de estímulos.O controle de estímulos é um princípio muito importante e útil na análise do comportamento, e nós discutiremos muito este princípio durante todo este semestre.

Mas aqui está o ponto importante: um estímulo discriminativo, ou o evento que vem antes de uma determinada resposta (antecedente), adquire a habilidade de controlar uma determinada classe de respostas porque foi diferencialmente reforçado com certas conseqüências no passado. De qualquer forma isso não quer dizer que é o som do telefone tocando que controlou o seu comportamento (resposta) de atender. Você faz isso, porque no passado atender um telefone quando este estava tocando foi consequenciado pela voz da pessoa que estava ligando.Ou seja, falar com a pessoa que te ligou (evento que vem após da resposta de atender), é o evento que controla seu comportamento de atender.


Estudante: Mas professor, eu só tiro o telefone do gancho quando ele toca! Por que não é o tocar que controla o comportamento?

Professor:Muito bem! Você só tira o telefone do gancho quando ele toca, mas faz isso porque em algum momento da sua vida aprendeu que só há alguém do outro lado da linha para falar com você (que é o reforço), quando ele está tocando. Desta forma podemos afirmar que em última instância, ainda são as conseqüências que controlam um comportamento. Devemos tomar o cuidado em ressaltar (como vocês muito bem fizeram) que estímulos antecedentes, por terem sido diferencialmente reforçados na história do individuo, indicam sob quais condições uma determinada resposta é reforçada ou não. Ou seja, atender um telefone quando este não está tocando não produz reforço (a voz de outra pessoa na linha). O tocar do telefone é a condição sob a qual a resposta de atender ao telefone é reforçada. Em outras palavras, nesta situação o toque do telefone é um estímulo discriminativo, atender o telefone é a resposta, e a voz de outra pessoa é a conseqüência, deste modo chegamos a contingência de três termos tão fundamental para a compreensão da análise do  comportamento.

Referência: Livro:  Applied Behavior Analysis | Cooper J.O, Heron T.E, Heward W.L

6 comentários:

Rodrigo disse...

Ótimo texto, David!

Renata Pinheiro disse...

Texto excelente, simples e muito útil, principalmente pq parte do pensamento que a maioria das pessoas têm de que o que acontece é o que me faz agir de determinada maneira. O professor parte dessa ideia pra explicar um conceito que muitas vezes é pouco compreendido pelos alunos na graduação. Parabéns David!

Anonymous disse...

Obrigada David, excelente texto, simples e bem esclarecedor. Prabéns!


Lucineide dos Santos

David Luz disse...

vlw gente! bom saber que vcs gostaram!

Natalie disse...

Massa David! Vou usar em minhas aulas!!!

Eulanny Barbosa disse...

Excelente texto! Parabéns.

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