sexta-feira, 6 de abril de 2012

Dentre as condições que mantêm o comportamento de consumir está a constante sinalização de potenciais reforçadores.

Nenhuma instância faz isso de forma mais eficiente do que a grande mídia.

Ela é responsável pela apresentação das condições positivas de compra de um determinado produto. O grande problema é quando ela o faz de forma parcial, incompleta ou, eventualmente, não correspondente (mais conhecido como "mentirosa").

Este assunto é ainda mais delicado quando um produto em especial é voltado para uma criança. Elas são uma condição constante para o comportamento de consumir dos pais ou responsáveis. 

Na grande maioria das vezes a criança não é ensinada a pensar nas consequências a médio e longo prazo daquele comportamento. Isto resulta em um comportamento voltado para as consequências mais imediatas.

Por exemplo: Um almoço com arroz, feijão, carne e salada começa a competir com um almoço composto por chips, pães e bolachas. As consequências a curto prazo (sabor agradável do alimento) prevalecem sobre as consequências a longo prazo (desenvolvimento saudável).

Além de itens alimentícios também podemos citar os tecnológicos e de estética, entre outros.

Quando não bem estabelecido um horário, os itens tecnológicos podem concorrer com todas as atividades de uma criança ou adolescente. As consequências a longo prazo são um desinteresse por assuntos acadêmicos e baixo desempenho.

Quando não controlados, os itens de estética podem causar danos físicos como é o caso do uso de cosméticos e procedimentos artificiais para tratamento de pele e cabelo. Uma possível consequência a longo prazo é a obsessão pela aparência.

Quem consome estes produtos e serviços são os pais/responsáveis. Para que que eles possam controlar o uso daqueles itens com eficiência, é necessário que eles se mantenham informados sobre as possíveis consequências a médio e longo prazo e que o comportamento também ocorra sob controle delas.

Em um artigo publicado pela Dra. Noemia Perli Goldraich em "Carta Maior" (www.cartamaior.com.br), a autora diz o seguinte:

"Há 40 anos trabalho como Nefrologista Pediátrica. Não recordo de ter identificado, antes dos anos 90, um único caso de pressão alta em criança que não estivesse relacionada a algum problema grave como doença nos rins, nas artérias renais, na aorta ou a tumores raros."

Ela trata no artigo sobre a substituição de itens saudáveis do cardápio infantil por itens pré-preparados, congelados, embutidos e predominantemente industrializados. No artigo ela aponta a enorme influência que a mídia tem nesta substituição.

"Sem entender o que leem ou sem ler o que informam os rótulos, os pais também se seduzem pelos coloridos sinais de adição a anunciar + ferro, + cálcio, + vitaminas. Na verdade, estão comprando gordura, sal e açúcar, crentes de que seus filhos estão sendo bem alimentados."

Tendo em vista as possíveis repercussões deste consumo voltado para crianças, o Instituto Alana (www.alana.org.br) desenvolveu o projeto Criança e Consumo com o intuito de apresentar as possíveis repercussões deste consumo voltado para crianças bem como formas de contorná-lo e denunciá-lo quando feito de forma imprópria.

O instituto estabelece uma condição para mudança de práticas culturais baseada no conhecimento acumulado na área. Funciona como intermediador entre o consumidor e o poder público, o que diminui o custo de resposta para a mudança dessas práticas.

Para discussão:
- Trabalhar comportamento governado por regras e comportamento governado por contingências;
- Trabalhar controle por consequências a médio e longo prazo.

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